Multi Tenant vs Single Tenant: entendendo as arquiteturas SaaS
Se você está iniciando no mundo do desenvolvimento de software, especialmente no contexto de Software como Serviço (SaaS), é essencial compreender as arquiteturas Multi Tenant e Single Tenant. Essas abordagens determinam como uma aplicação gerencia recursos, dados e infraestrutura para atender a múltiplos clientes. Neste artigo, vamos explorar esses conceitos de forma clara e prática, ajudando você a entender qual modelo pode ser o mais adequado para o seu projeto.
O que é SaaS?
Antes de mergulharmos nas arquiteturas, vamos relembrar o que é SaaS (Software as a Service). Trata-se de um modelo de distribuição de software em que a aplicação é hospedada na nuvem e disponibilizada aos clientes via internet. Em vez de instalar e manter o software localmente, os usuários acessam a aplicação online, geralmente por meio de uma assinatura.
Quer saber mais sobre SaaS e ver exemplos práticos de softwares que utilizam esse modelo? Leia o artigo "SaaS: conceito e exemplos de softwares" no blog da Rocketseat para entender como esse conceito se aplica a diferentes soluções de mercado.
Entendendo a arquitetura Single Tenant
Na arquitetura Single Tenant, cada cliente (ou "tenant") possui uma instância dedicada da aplicação e, frequentemente, uma infraestrutura exclusiva, incluindo o banco de dados. Isso significa que os dados e recursos de um cliente são totalmente isolados dos demais.
Vantagens do Single Tenant
- Segurança aprimorada: como os dados não são compartilhados, há um risco reduzido de vazamento ou acesso não autorizado por outros clientes.
- Personalização total: cada cliente pode customizar a aplicação de acordo com suas necessidades específicas, incluindo alterações no código e na estrutura do banco de dados.
- Performance consistente: o desempenho não é afetado por outros clientes, já que os recursos são dedicados.
Desvantagens do Single Tenant
- Custos elevados: manter infraestrutura dedicada para cada cliente pode ser caro, tanto em termos de hardware quanto de manutenção.
- Escalabilidade limitada: adicionar novos clientes requer provisionar novas instâncias, o que pode ser ineficiente.
- Complexidade de gerenciamento: atualizações e backups precisam ser realizados individualmente para cada instância.
Explorando a arquitetura Multi Tenant
A arquitetura Multi Tenant permite que vários clientes compartilhem uma única instância da aplicação e a mesma infraestrutura. Embora os clientes compartilhem recursos, os dados de cada um são isolados logicamente, garantindo privacidade e segurança.
Vantagens do Multi Tenant
- Redução de custos: compartilhar recursos significa que os custos de operação e manutenção são divididos, tornando a solução mais acessível.
- Manutenção simplificada: atualizações e correções são aplicadas uma vez, beneficiando todos os clientes simultaneamente.
- Onboarding rápido: clientes podem começar a usar a aplicação rapidamente, sem configurações complexas.
- Escalabilidade fácil: novos clientes podem ser adicionados sem a necessidade de provisionar novas instâncias.
A imagem acima ilustra o conceito de load balancing, que é fundamental em arquiteturas Multi Tenant para garantir que o tráfego seja distribuído eficientemente entre os servidores. Isso permite que novos clientes sejam integrados facilmente, enquanto os recursos são gerenciados de forma otimizada.
Desvantagens do Multi Tenant
- Menos personalização: a capacidade de customizar a aplicação é limitada, já que mudanças podem afetar todos os clientes.
- Riscos de segurança: apesar do isolamento lógico, o compartilhamento de infraestrutura pode apresentar riscos, especialmente se não houver medidas robustas de segurança.
- Problema do "vizinho barulhento": imagine uma aplicação SaaS com múltiplos clientes em um servidor compartilhado. Se um cliente realiza consultas pesadas no banco de dados, consumindo mais recursos, pode acabar reduzindo o desempenho dos outros clientes. Esse efeito é conhecido como o problema do "vizinho barulhento", que pode ser mitigado com uma configuração eficiente de balanceamento de carga e alocação de recursos.
Para entender como a arquitetura Multi Tenant pode implementar sistemas de permissões por cargo (RBAC), confira este vídeo:
Comparando as arquiteturas
Aspecto | Single Tenant | Multi Tenant |
Infraestrutura | Dedicada para cada cliente | Compartilhada entre os clientes |
Custos | Mais elevados | Reduzidos |
Segurança | Maior isolamento e segurança | Boa, mas com riscos potenciais |
Personalização | Total flexibilidade | Limitada |
Escalabilidade | Mais complexa e custosa | Simples e eficiente |
Manutenção | Individual por cliente | Centralizada para todos os clientes |
Quando escolher cada arquitetura?
A escolha entre Single Tenant e Multi Tenant depende principalmente do perfil do cliente e das necessidades específicas do projeto.
- Single Tenant é ideal para:
- Empresas que exigem alto nível de segurança e conformidade, como bancos ou órgãos governamentais.
- Clientes que necessitam de customizações profundas na aplicação.
- Organizações dispostas a investir mais em infraestrutura dedicada.
- Multi Tenant é recomendado para:
- Startups e empresas que buscam soluções econômicas e escaláveis.
- Aplicações com múltiplos planos de serviço, incluindo modelos freemium.
- Projetos que priorizam rápida implementação e facilidade de manutenção.
- Segurança em foco: independentemente da arquitetura escolhida, implemente medidas robustas de segurança para proteger os dados dos clientes.
- Planejamento: avalie as necessidades do seu projeto e dos seus clientes antes de decidir pela arquitetura. Considere fatores como orçamento, requisitos de personalização e expectativas de crescimento.
- Tecnologias modernas: ferramentas como Docker e Kubernetes facilitam a gestão de ambas as arquiteturas, permitindo escalabilidade e eficiência.
Para entender melhor como essas arquiteturas funcionam na prática, veja este vídeo detalhado:
Dicas importantes
O Docker é uma plataforma de contêineres que permite isolar a aplicação e seus componentes em ambientes padronizados e independentes, chamados de "containers". Cada tenant pode ser encapsulado dentro de um contêiner, garantindo que cada cliente tenha seu próprio ambiente isolado, mesmo em uma arquitetura Multi Tenant. Isso aumenta a segurança, flexibilidade e facilita o gerenciamento de dependências, além de tornar o ambiente mais leve e portável.
Já o Kubernetes é uma plataforma de orquestração de contêineres que permite gerenciar essas instâncias de forma automática e escalável. Ele facilita a distribuição de cargas de trabalho e recursos conforme a demanda, garantindo que, mesmo com o aumento do número de clientes, a infraestrutura seja capaz de escalar automaticamente para atender a todos. Além disso, o Kubernetes permite implementar estratégias de alta disponibilidade e balanceamento de carga, essenciais para manter a performance e disponibilidade da aplicação em qualquer cenário.
Essas ferramentas são essenciais, principalmente para arquiteturas Multi Tenant, já que permitem que a aplicação escale sem comprometer o desempenho e sem precisar provisionar novas instâncias manualmente. Para Single Tenant, Docker e Kubernetes oferecem a vantagem de configurar ambientes completamente isolados para cada cliente, sem exigir uma sobrecarga administrativa no gerenciamento.
Aplicações e exemplo prático
Exemplo de Multi Tenant: um serviço de CRM que atende a várias pequenas empresas usando a mesma instância de software e banco de dados. Cada empresa tem seus dados isolados, mas compartilha a mesma infraestrutura, o que reduz custos.
Com ferramentas como Docker, é possível isolar cada tenant de maneira mais segura, criando "containers" independentes para cada cliente dentro da mesma infraestrutura. Já o Kubernetes facilita a escalabilidade de clusters, permitindo que novos recursos sejam alocados dinamicamente conforme a demanda de cada cliente aumenta, garantindo que o desempenho seja mantido sem interferências.
Exemplo de Single Tenant: uma empresa financeira que exige uma infraestrutura dedicada para garantir que seus dados estejam completamente isolados e que a segurança seja máxima. Essa empresa pode precisar customizar o software de acordo com suas políticas internas, tornando o Single Tenant a escolha ideal.
Na arquitetura Single Tenant, cada cliente tem total controle sobre a infraestrutura e software, o que permite customizações específicas. Empresas que lidam com dados altamente sensíveis, como bancos e instituições governamentais, frequentemente optam por essa abordagem, já que a separação completa dos ambientes reduz significativamente o risco de vazamentos de dados ou violações de conformidade regulatória. Além disso, o desempenho é garantido, pois não há outros clientes compartilhando os recursos de infraestrutura, eliminando o problema do "vizinho barulhento".
Conclusão
Tanto a arquitetura Multi Tenant quanto a Single Tenant oferecem vantagens únicas dependendo das necessidades do cliente e do negócio. Empresas que priorizam custos, escalabilidade e manutenção simplificada devem considerar o modelo Multi Tenant. Já organizações que exigem controle total, personalização e altos níveis de segurança podem optar pelo Single Tenant.
Antes de tomar uma decisão, é importante avaliar cuidadosamente o perfil dos clientes, os requisitos de segurança, o orçamento disponível e a necessidade de escalabilidade. Assim, você garante que está escolhendo a solução mais eficiente para o seu projeto.
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