SGBD: o passo a passo para escolher a ferramenta certa

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Bora bater um papo reto sobre uma decisão que pode tirar o sono de quem está começando:
Qual banco de dados usar no meu projeto?
Se você já entendeu o que é um SGBD, entendeu as diferenças entre o universo SQL e NoSQL e até conheceu gigantes como MySQL, PostgreSQL e MongoDB, é natural que agora a cabeça esteja a mil. A sensação é de estar diante de uma prateleira enorme, cheia de ferramentas incríveis, sem saber qual pegar primeiro.
Mas pode relaxar! A gente tá aqui para transformar essa confusão em clareza. Pense neste papo como o próximo passo da sua jornada: você já conhece as peças do tabuleiro, agora vai aprender a estratégia para fazer a jogada certa.
A pergunta nunca é:
Qual o melhor SGBD?
Mas sim:
Qual SGBD resolve melhor o meu problema?
Dito isto, bora construir um raciocínio juntos para que você faça a escolha certa com total confiança!

Antes de escolher a ferramenta, entenda o seu projeto

Cada ferramenta tem uma finalidade, por isso, o grande segredo não está no banco de dados, mas no seu projeto. Antes de se apaixonar por uma tecnologia, você precisa investigar as necessidades da sua aplicação.
Vamos analisar quatro pontos cruciais que vão te dar as pistas que você precisa.

Qual é a natureza dos seus dados?

Primeiro, olhe para a "personalidade" das suas informações. Seus dados se parecem mais com uma planilha de Excel, onde tudo tem uma coluna certinha, ou com uma imensa caixa de brinquedos, onde cada item tem uma forma diferente?
  • Dados estruturados: são previsíveis e seguem um padrão rígido. Pense no cadastro de produtos de um e-commerce: todo produto terá um nome, um preço, um ID e uma quantidade em estoque. Para esse cenário, os bancos relacionais (SQL) são perfeitos, pois garantem essa organização.
  • Dados flexíveis ou não estruturados: mudam com frequência e não têm um formato fixo. Imagine os posts de uma rede social: um pode ter só texto, outro pode ter texto e vídeo, um terceiro pode ter texto, imagem e uma enquete. Aqui, a flexibilidade dos bancos não relacionais (NoSQL), como os baseados em documentos, brilha.

Qual o volume e a velocidade que você espera?

Pense no futuro. Seu projeto é um blog pessoal que terá centenas ou milhares de acessos por dia ou uma aplicação que pode viralizar e precisar atender milhões de pessoas da noite para o dia?
  • Escalabilidade vertical: é como colocar um motor mais potente no mesmo carro. Você aumenta a capacidade da máquina (CPU, memória RAM) para lidar com mais carga. Bancos relacionais tradicionalmente escalam bem dessa forma.
  • Escalabilidade horizontal: é como adicionar mais carros à sua frota. Você distribui a carga entre várias máquinas mais simples. Bancos NoSQL foram projetados para isso, o que os torna ideais para aplicações que precisam lidar com um volume gigantesco e imprevisível de dados.

O quão crítica é a consistência dos seus dados?

Em algumas aplicações, um erro nos dados é inaceitável. Pense em uma transferência bancária: o dinheiro precisa sair de uma conta e chegar na outra. A operação tem que ser "tudo ou nada".
Essa garantia de consistência é conhecida pelas propriedades ACID (Atomicidade, Consistência, Isolamento e Durabilidade). Os bancos de dados relacionais (SQL) são famosos por seguirem esse modelo à risca, o que os torna a escolha mais segura para sistemas financeiros, de controle de estoque ou qualquer aplicação onde a integridade dos dados é a prioridade máxima.
Vale lembrar que muitos bancos NoSQL, como o MongoDB, evoluíram e hoje também oferecem suporte a transações ACID multidocumento, o que aumenta sua robustez para operações críticas.

Qual a complexidade das suas consultas?

Como você vai "conversar" com seus dados?
  • Consultas complexas e relacionamentos: se você precisa cruzar informações de várias tabelas (ex: "me traga todos os clientes que compraram o produto Xpto e que moram na cidade Xy"), a linguagem SQL é extremamente poderosa e otimizada para isso.
  • Consultas simples e rápidas: se sua aplicação faz buscas mais diretas por um registro específico (ex: "me traga o perfil do usuário com este ID"), os bancos NoSQL costumam ser imbatíveis em velocidade para esse tipo de operação.

Um framework de 4 perguntas para decidir

Beleza, agora que você já investigou seu projeto, vamos para um checklist prático. Responda a estas perguntas e a escolha ficará muito mais fácil.

Meu projeto é um e-commerce, blog ou sistema de gestão?

Se a resposta for sim, você provavelmente está lidando com dados bem estruturados e relacionamentos claros (um cliente tem vários pedidos, um pedido tem vários produtos).
Sua escolha provável: um SGBD relacional (SQL) como PostgreSQL ou MySQL. Eles oferecem a consistência e a estrutura que esses projetos precisam para funcionar de forma confiável. Para diferenciar: o MySQL costuma ter um desempenho excelente para aplicações com alto volume de leitura, enquanto o PostgreSQL se destaca em operações de escrita mais complexas e na conformidade total com o padrão ACID, sendo muitas vezes o preferido para sistemas financeiros ou analíticos.

Estou criando uma rede social, CMS ou um app de IoT?

Esses projetos geralmente lidam com um grande volume de dados que não têm um formato fixo. O perfil de um usuário, o conteúdo de um post, os dados de um sensor... tudo pode variar.
Sua escolha provável: um SGBD não relacional (NoSQL) como o MongoDB. A flexibilidade do modelo de documentos e a capacidade de escalar horizontalmente são perfeitas para lidar com a dinâmica desses dados. E embora a filosofia seja evitar relacionamentos complexos, é importante saber que o MongoDB possui o operador $lookup, que permite realizar operações semelhantes a JOINs entre coleções quando necessário.

É um app mobile ou um protótipo rápido para validar uma ideia?

Nesses casos, a prioridade pode ser a simplicidade e a velocidade de desenvolvimento, sem a necessidade de configurar um servidor de banco de dados complexo.
Sua escolha provável: um banco de dados embarcado como o SQLite. Ele é incrivelmente leve, roda em um único arquivo dentro da sua aplicação e é perfeito para armazenamento local em aplicativos mobile ou para colocar uma ideia no ar rapidamente. É bom ter em mente suas limitações: apesar de suportar um grande volume de dados na teoria, na prática, ele não é ideal para cenários com alta concorrência de escrita, onde várias operações de gravação acontecem ao mesmo tempo.

Qual o ecossistema e a comunidade ao redor da ferramenta?

Nenhum desenvolvedor deve seguir solo. A tecnologia que você escolhe vem com uma comunidade, documentação e um mercado de trabalho.
Sua escolha provável: antes da decisão final, pesquise! Ferramentas como MySQL, PostgreSQL e MongoDB têm comunidades gigantescas. Isso significa que, quando uma dúvida aparecer (e ela vai aparecer!), será muito mais fácil encontrar tutoriais, artigos e respostas em fóruns.

Outros fatores para colocar na balança

O framework de 4 perguntas é um ótimo ponto de partida. Mas, à medida que você ganha experiência, outros fatores estratégicos entram na jogada.

E se eu usar mais de um?

Quem disse que você precisa escolher um só? Muitas aplicações modernas usam uma abordagem híbrida, conhecida como persistência poliglota. Isso significa usar o banco de dados certo para a tarefa certa, dentro do mesmo sistema. Por exemplo, usar PostgreSQL para os dados transacionais (vendas, usuários) e Redis (um banco chave-valor) para gerenciar o cache e as sessões de usuário, ganhando performance.

O fator humano!

A melhor ferramenta do mundo não adianta nada se ninguém no seu time sabe usá-la. Considere o seguinte:
  • Experiência da equipe: qual tecnologia seu time já conhece? A curva de aprendizado de uma nova ferramenta pode impactar o cronograma do projeto.
  • Ecossistema e ferramentas: o SGBD escolhido tem bons drivers para sua linguagem de programação? Existem ferramentas de administração e monitoramento fáceis de usar?
  • Segurança: seu projeto precisa seguir regras específicas, como a LGPD? Verifique se o SGBD oferece os recursos de segurança e auditoria necessários.

Tendências que importam

O universo dos dados não para de evoluir. Ficar de olho em algumas tendências pode te ajudar a tomar decisões mais duradouras:
  • Bancos de dados na nuvem (DBaaS): serviços como Amazon RDS, Google Cloud SQL e MongoDB Atlas gerenciam toda a infraestrutura para você, facilitando a escalabilidade e o backup.
  • Vendor lock-in: ao escolher um provedor de nuvem, avalie o quão "preso" você fica àquela tecnologia. Optar por SGBDs de código aberto pode facilitar uma futura migração.

Mito da decisão perfeita

Se depois de tudo isso você ainda sentir um frio na barriga, respire fundo. A escolha do banco de dados é importante, mas não é uma sentença de prisão perpétua. O mais importante na sua jornada como dev é começar.
Escolha a ferramenta que faz mais sentido para o seu projeto agora. Com o tempo, você pode migrar, combinar tecnologias ou até descobrir que a primeira escolha foi a melhor possível. O aprendizado que você vai ter colocando a mão no código e construindo algo real é o que realmente vai impulsionar sua carreira.
Entender como os dados se comportam e como interagir com eles é uma habilidade que vai muito além de uma única ferramenta. É a base para construir qualquer aplicação robusta e escalável.

Curtiu aprender como escolher as melhores ferramentas para o seu projeto? Se você quer ir além e dominar não só o banco de dados, mas todo o desenvolvimento de uma aplicação de ponta a ponta, a Formação Full-Stack da Rocketseat é o seu próximo nível.
Lá, você vai aprender do zero as principais tecnologias do desenvolvimento web, construindo projetos práticos que te preparam de verdade para os desafios do mercado. A gente te mostra como conectar o front-end com o back-end e, claro, como fazer tudo isso conversar com o banco de dados certo.

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