Build vs Buy em TI: quando desenvolver ou adotar uma solução pronta

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Você já pensou se seria melhor preparar aquela receita em casa ou pedir um delivery? No mundo da tecnologia, a decisão entre construir uma solução do zero (build) ou comprar um produto pronto (buy) é bem parecida com essa dúvida na cozinha. Cada escolha tem seus ingredientes: tempo, dinheiro, customização e até sabor próprio. Mas como saber qual receita seguir?
Hoje veremos o que significa build vs buy em TI, conhecendo cenários, vantagens, desvantagens e critérios importantes para decidir entre desenvolver uma solução internamente ou optar por uma solução pronta de mercado. Nosso objetivo é que, ao final da leitura, você esteja confiante para tomar uma decisão mais informada e estratégica para a sua empresa.

O que significa build?

Quando falamos em build, estamos falando de desenvolver software internamente, ou seja, criar a aplicação do zero dentro da própria empresa. É como cozinhar em casa aquela sua receita favorita do zero: você compra os ingredientes (recursos, ferramentas e tempo), coloca a mão na massa e faz a refeição do jeito que quiser. Em TI, construir significa montar um projeto totalmente personalizado para sua necessidade, usando a tecnologia, equipe e processo que você escolher.

Vantagens de construir

  • Total customização: você define cada detalhe da solução de acordo com as necessidades únicas do seu negócio.
  • Controle absoluto: como dono da receita e do código, você decide mudanças no roadmap, atualizações e integrações (nenhuma surpresa de ingredientes escondidos!).
  • Vantagem competitiva: uma solução exclusiva pode ser um diferencial estratégico, alinhada exatamente à estratégia da empresa (funciona como uma “receita secreta” difícil de copiar).
  • Propriedade do produto: todos os direitos e conhecimentos ficam na empresa, sem depender de terceiros. Seu time entende cada pedacinho do sistema.
  • Aprendizado para o time: desenvolver internamente desafia sua equipe e a faz evoluir tecnicamente.
  • Escalabilidade sob medida: ao ter o controle, você pode fazer escalar ou adaptar a solução conforme a demanda, sem restrições do fornecedor.
Imagine, por exemplo, uma empresa de logística que precisa de um sistema muito específico de rastreamento de encomendas. Desenvolver internamente pode garantir que o software fale a mesma “linguagem” do negócio, como uma receita feita sob medida para cada cliente.

Desvantagens de construir

  • Maior custo inicial: desenvolver do zero exige investimento pesado em equipe, infraestrutura e tempo (como adquirir ingredientes caros para uma receita gourmet). Nem sempre sai barato no começo.
  • Tempo de desenvolvimento: levará muito mais tempo para a solução ficar pronta. É como gastar horas preparando uma refeição complexa: pode demorar bastante até chegar à mesa, atrasando a entrega de valor para o cliente.
  • Risco de atraso ou falhas: se a equipe não tiver experiência, o projeto pode atrasar ou sair fora do escopo, igual a queimar a comida. Além disso, bugs e retrabalho podem surgir.
  • Manutenção contínua: após a entrega, sua equipe terá que cuidar do sistema para sempre – corrigir bugs, atualizar tecnologias, etc. Isso consome recursos a longo prazo (assim como a limpeza da cozinha depois do festim).
  • Desvio de foco do core business: gastar muito tempo desenvolvendo software pode tirar a atenção do seu time de TI de outras prioridades estratégicas da empresa.
  • Dependência de talentos: se algum desenvolvedor-chave sair da equipe, parte do conhecimento pode ir junto – dificultando a evolução da solução.
Em resumo, construir faz sentido quando a personalização e o controle total justificam o investimento e o tempo – ou seja, quando a solução será um diferencial estratégico fundamental. Se todos os ingredientes certos estiverem na mão, pode sair um prato memorável!

O que significa buy?

buy significa optar por comprar um software pronto ou usar uma solução de mercado. É como ligar para o delivery ou ir ao restaurante: você escolhe entre opções que já existem. Em TI, comprar uma solução pronta quer dizer que você adquire um produto existente que atende à maior parte das suas necessidades. Assim como uma pizza de restaurante, a solução chega muito mais rápido: é só assar no forno (instalar e configurar) e pronto, serve à equipe.

Vantagens de comprar

  • Implementação rápida: o software já existe, então é muito mais rápido colocá-lo em operação. Em vez de semanas de desenvolvimento, você começa a usar a solução quase imediatamente.
  • Custo inicial menor: geralmente você evita o gasto elevado de desenvolvimento. Pagar pela licença ou assinatura costuma ser mais barato que contratar um time inteiro para programar tudo do zero.
  • Menos risco de falha: o produto já foi testado e amadurecido no mercado, então tende a ser mais estável. É como pedir algo que você já conhece: a chance de ter surpresas desagradáveis (bugs graves) é menor.
  • Foco no core business: com software pronto, a equipe pode se concentrar nas atividades essenciais do negócio. Em vez de cozinhar, seu time foca no restaurante (nas tarefas principais da empresa).
  • Suporte e atualizações: muitos fornecedores oferecem suporte técnico e lançam atualizações regulares. É como ter um chef particular que sempre melhora a receita para você.
  • Recursos prontos e compartilhados: como o produto é usado por várias empresas, ele incorpora boas práticas de mercado e melhorias contínuas (um cardápio que evolui com feedback de muitos clientes).
Por exemplo, se você precisa de um sistema de gestão financeira básico, talvez não seja necessário reinventar a roda: existem ERPs e softwares contábeis maduros no mercado. Comprar um desses permite colocar a solução para funcionar rapidamente, com confiabilidade.

Desvantagens de comprar

  • Customização limitada: embora você possa ajustar algumas coisas, não terá controle total sobre cada detalhe. A receita vem pronta – você não escolhe todos os temperos.
  • Funcionalidades extras (bloatware): o software comprado pode ter funções que você não precisa, tornando-o mais pesado ou complexo de usar.
  • Dependência do fornecedor: qualquer mudança de plano do vendedor – como aumento de preço, fim do produto ou suporte deficiente – impacta você diretamente. Você fica “na mão” de quem fez o prato.
  • Custo recorrente: licenças e assinaturas podem custar caro a longo prazo. É como pagar delivery todo mês: no começo parece barato, mas somado pode ultrapassar o gasto de cozinhar em casa.
  • Menos conhecimento interno: se algo der errado, você dependerá do fornecedor para resolver. Sua equipe sabe menos sobre o software do que saberia sobre um produto que ela mesma construiu.
  • Integração com outros sistemas: pode haver dificuldade para conectar a solução comprada com outras ferramentas internas. É como tentar encaixar um prato diferente no mesmo cardápio – nem sempre funciona bem.
Comprar vale a pena quando a agilidade e o menor custo inicial são prioridades, ou quando uma solução pronta já atende bem às suas necessidades.

Critérios decisórios: comparando build vs buy

Agora que entendemos os perfis de cada abordagem, é hora de comparar usando critérios práticos. Quais fatores podem ajudar sua empresa a decidir? Vamos dividir isso em três categorias: financeiros, estratégicos e operacionais.

Critérios financeiros

  • Investimento inicial:
    • Build: geralmente alto, pois envolve o custo de desenvolvimento de software interno (salários de desenvolvedores, ferramentas, infraestrutura etc).
    • Buy: geralmente menor. Você paga pelo produto (compra única, licença ou assinatura).
  • Custo de manutenção e operação:
    • Build: a empresa arca com todos os custos de manutenção, atualizações e suporte futuro. Isso pode exigir horas extras ou equipes dedicadas.
    • Buy: o custo de manutenção costuma estar embutido na licença ou assinatura (muitas vezes com suporte). É previsível, mas contínuo.
  • Total cost of ownership (TCO):
    • Build: o custo inicial é alto, mas sem licenças anuais você pode ter vantagem a médio/longo prazo.
    • Buy: tem custos recorrentes (mensalidades ou anuidades). A médio/longo prazo, essas despesas podem superar o investimento único no desenvolvimento.
  • Retorno sobre investimento (ROI):
    • Build: o retorno vem depois que o projeto é concluído; o tempo de retorno costuma ser maior por causa do desenvolvimento prolongado.
    • Buy: o retorno pode ser mais rápido, já que a solução começa a gerar valor assim que é implementada.

Critérios estratégicos

  • Alinhamento com o core business:
    • Build: ótimo se a solução for parte central da estratégia da empresa. Construir internamente pode criar um diferencial competitivo.
    • Buy: recomendado se o software for uma necessidade padrão ou periférica, sem foco no diferencial estratégico.
  • Inovação e diferenciação:
    • Build: permite inovar livremente e desenvolver recursos únicos. Bom para se destacar diante da concorrência com algo exclusivo.
    • Buy: você herda o que já existe no mercado. É pouco provável criar algo totalmente novo ou inovador usando um produto padrão.
  • Flexibilidade e adaptabilidade:
    • Build: quando o mercado ou estratégia muda, você consegue adaptar a “receita” conforme precisar (é como redecorar ou reformar sua cozinha a qualquer momento).
    • Buy: muitas vezes mais rígido. Adaptar um software comprado a novas demandas pode ser difícil e limitado às opções que o fornecedor oferece.
  • Velocidade de mercado:
    • Build: normalmente mais lento para entrar no mercado devido ao tempo de desenvolvimento. Ideal quando a rapidez não é o fator mais crítico.
    • Buy: ganho de tempo importante, pois já está pronto. Se o mercado exige rapidez ou você precisa testar algo logo, comprar pode ser a melhor jogada.

Critérios operacionais

  • Competências da equipe:
    • Build: exige time qualificado e disponível. Se sua equipe já domina as tecnologias necessárias, construir é viável. Caso contrário, será preciso investir em treinamento ou contratar especialistas (ou usar plataformas de capacitação).
    • Buy: menos exigente no desenvolvimento em si; ainda assim requer pessoas para configurar, integrar e dar suporte. Normalmente você treina a equipe para usar o produto (a curva de aprendizado é menor).
  • Manutenção e suporte:
    • Build: toda manutenção fica por conta da sua empresa. Sua equipe deve estar pronta para corrigir bugs, fazer upgrades e dar suporte ao sistema.
    • Buy: o fornecedor geralmente oferece suporte técnico e atualizações. Isso reduz o esforço da sua equipe, mas faz você depender dos prazos e da qualidade do fornecedor.
  • Integração com sistemas legados:
    • Build: você planeja a integração desde o início, garantindo compatibilidade total com seus sistemas internos.
    • Buy: precisa verificar se a solução comprada possui APIs ou conectores para integrar-se aos seus sistemas atuais; caso contrário, será necessário desenvolver adaptadores.
  • Segurança e conformidade:
    • Build: você define suas próprias regras de segurança e compliance. Por um lado, pode tornar o sistema mais seguro que alternativas de mercado; por outro, assume toda a responsabilidade de lidar com vulnerabilidades e atualizações de segurança.
    • Buy: fornecedores maduros costumam ter certificações e padrões de segurança e cuidam das atualizações. Mesmo assim, você precisa confiar na capacidade do fornecedor de proteger seus dados.

Equipe e capacitação: fator crítico no build

Agora que você entendeu os critérios técnicos, é essencial lembrar que pessoas são o diferencial por trás de qualquer tecnologia. Se a escolha for construir internamente, lembre-se: a qualidade do time faz toda a diferença. Mesmo a melhor receita do mundo não rende nada se quem cozinha não sabe usar o forno direito. Da mesma forma, um projeto de TI só sai como planejado se seus desenvolvedores tiverem as habilidades certas.
  • Conhecimento técnico: a equipe deve dominar as linguagens e frameworks necessários. Caso contrário, será preciso investir tempo e recursos em capacitação.
  • Experiência de projeto: equipes com projetos semelhantes no currículo tendem a antecipar desafios e entregar resultados melhores, reduzindo riscos de atraso ou falhas.
  • Atualização contínua: manter o time sempre aprendendo garante que a solução se beneficie de tecnologias e práticas atuais.
  • Plataformas de capacitação: existem recursos como a Rocketseat para Empresas, que oferecem cursos, mentorias e conteúdos atualizados para capacitar seus desenvolvedores e mantê-los afiados.

Conclusão

Não existe uma resposta universalmente certa para o dilema build vs buy. A melhor decisão depende do contexto de cada empresa: objetivos de negócio, orçamento, prazos, expertise do time e outros fatores estratégicos.
  • Se o seu projeto for central para o diferencial competitivo da empresa e você tiver recursos (tempo, equipe qualificada, orçamento), o build pode valer a pena. Você terá uma solução feita sob medida, com o controle que só vem de uma criação própria.
  • Se você precisa de agilidade, está lidando com uma área padrão do negócio ou tem restrições de orçamento, o buy pode ser o caminho mais inteligente. Você entrega valor mais rápido e foca no que importa, sem reinventar a roda.
Ao decidir, avalie cuidadosamente todos os fatores: financeiros, estratégicos e técnicos. O importante é fazer uma escolha alinhada à estratégia da sua empresa. Agora que você já conhece todas as vantagens, desvantagens e critérios envolvidos, cabe a você decidir e defender sua escolha dentro da empresa. É fato que independentemente do caminho escolhido, ter um time bem preparado é fundamental.
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