Crie experiências inclusivas: guia de acessibilidade na web

Rocketseat

Navegação Rápida:
Em um mundo onde a web é essencial para tantas atividades do dia a dia, garantir que ela seja acessível a todos não é apenas uma boa prática – é uma responsabilidade. A acessibilidade na web é sobre criar experiências que incluam todas as pessoas, independentemente de limitações físicas, sensoriais ou cognitivas. Para desenvolvedores front-end, adotar práticas acessíveis desde o início é uma forma de construir um ambiente digital mais justo e eficiente.
Por que a acessibilidade na web é importante?
Imagine um cenário onde uma pessoa com deficiência visual não consegue acessar informações em um site, ou alguém com limitações motoras tem dificuldade em navegar em um formulário. Essas barreiras excluem milhões de pessoas da experiência digital. A acessibilidade web é a ponte para superar essas dificuldades, promovendo inclusão digital.
Além disso, criar interfaces acessíveis beneficia não só pessoas com deficiência, mas também melhora a experiência geral de todos os usuários. Por exemplo, legendas em vídeos são úteis para pessoas que assistem conteúdos em ambientes barulhentos ou que preferem não ativar o som.
Quem se beneficia da acessibilidade?
- Deficiência visual: usuários com cegueira, baixa visão ou daltonismo.
- Deficiência auditiva: pessoas com dificuldades auditivas ou surdez.
- Deficiência motora: aqueles que utilizam tecnologias assistivas para navegação, como switches ou teclados adaptados.
- Deficiência cognitiva: usuários com dislexia, déficit de atenção ou dificuldades de compreensão.
Quando criamos para todos, atingimos um público muito mais amplo, melhoramos o SEO e até mesmo nos alinhamos a leis de acessibilidade.
Acessibilidade na prática: impacto real no ecossistema de programação
A acessibilidade vai muito além de boas práticas de código; ela transforma vidas e torna o ambiente digital mais inclusivo. Para ilustrar isso, recomendamos que você assista ao vídeo "Acessibilidade no ecossistema de programação", onde Alexandre Costa e Camila Marinho compartilham experiências, desafios e dicas sobre a construção de aplicações acessíveis.
No vídeo, você aprenderá:
- O impacto da acessibilidade na vida de pessoas com deficiência.
- Como ferramentas e boas práticas ajudam no desenvolvimento de aplicações acessíveis.
- A importância de pensar na acessibilidade desde o início de qualquer projeto.

Não deixe de conferir e colocar em prática as dicas apresentadas por profissionais que vivenciam essas questões diariamente. Para saber mais, continue explorando nosso conteúdo e veja como você pode contribuir para um ecossistema mais inclusivo!
Princípios básicos de acessibilidade (WCAG)
A Web Content Accessibility Guidelines (WCAG) é a base para construir experiências acessíveis. Vamos detalhar os quatro princípios fundamentais, com seções menores para facilitar a leitura.
1. Perceptível
O conteúdo deve ser apresentado de forma clara, permitindo que todos os usuários consigam percebê-lo.
1.1. Texto alternativo
- Forneça descrições claras para imagens que contenham informações importantes:
<img src="formacao.png" alt="Ilustração mostrando o fluxo de aprendizado na Rocketseat">
- Para imagens decorativas, use
alt=""
para que leitores de tela as ignorem.
1.2. Audiodescrição
- Inclua narrações que descrevam o contexto visual de vídeos.
- Use ferramentas para criar audiodescrições.
1.3. Cores e contraste
- Adote cores que atendam aos critérios de contraste (mínimo de 4.5:1). Ferramentas como o Contrast Checker ajudam a validar.
body { color: #222; background-color: #f9f9f9; }
1.4. Design responsivo e zoom
- Layout fluido:
- Evitar uso de larguras fixas em pixels para o layout principal. Prefira unidades relativas (%,
rem
,em
) para que o conteúdo se adapte ao zoom. - Para entender na prática a importância de unidades relativas (
rem
) e espaçamentos fluídos em um footer, confira o vídeo abaixo:

- Teste de zoom (200% ou mais):
- Certificar-se de que, ao aplicar zoom, o layout não exige rolagem horizontal contínua e que os elementos não fiquem sobrepostos.
- Manter boa legibilidade:
- Fontes devem ter tamanho mínimo recomendado (ex.: 16px padrão) e permitir fácil escala com zoom.
- Contraste e espaçamento devem ser pensados para que o conteúdo continue legível mesmo em telas pequenas ou com zoom aumentado.
Exemplo rápido de CSS
.container { max-width: 100%; padding: 1rem; box-sizing: border-box; }
- Assim, quando aplicado zoom, o conteúdo se ajusta sem criar barras de rolagem indesejadas.
1.5. Estrutura da página
Organizar o conteúdo com cabeçalhos hierárquicos é uma prática essencial para melhorar a experiência de navegação e garantir que leitores de tela interpretem corretamente a estrutura da página. Use tags semânticas como
<main>
, <section>
, <header>
e <footer>
para dar significado aos elementos do seu site.Exemplo prático de organização hierárquica:
<main> <h1>Cursos Rocketseat</h1> <section> <h2>Trilhas disponíveis</h2> <ul> <li>Ignite</li> <li>Explorer</li> </ul> </section> </main>
Para aprofundar seus conhecimentos sobre HTML Semântico e como ele contribui para uma web mais acessível, recomendamos o artigo HTML semântico: como criar uma web acessível no blog da Rocketseat.
2. Operável
O site deve ser funcional para diferentes meios de navegação.
2.1. Foco visível
- Destaque o elemento em foco com estilos visuais:
button:focus { outline: 3px solid #8257e5; }
2.2. Atalhos de teclado
- Adicione atalhos para facilitar o acesso a funcionalidades:
<button accesskey="h">Home</button>
2.3. Ordem de tabulação
- Certifique-se de que a navegação seja lógica:
<a href="#inicio">Ir para o início</a>
2.4. Tempo limite
- Permita que usuários ajustem ou estendam o tempo para completar ações importantes.
- Se o site tiver formulários longos ou etapas de compra, garanta que seja possível retomar a sessão ou revalidar dados sem perder todo o progresso.
Assim como o tempo limite, outras medidas de usabilidade, como oferecer um “Link de pular para o conteúdo”, são fundamentais para garantir a navegabilidade por teclado ou leitor de tela. Ambas as técnicas fazem parte do princípio de “Operável” na WCAG.
2.5. Link de pular para o conteúdo (Skip to Main Content)
- Essa âncora deve ter uma classe (por exemplo,
.skip-link
) que possibilita aplicar estilo para que fique visível apenas ao receber foco (para não atrapalhar o layout).
- Identifique o conteúdo principal:
<main id="conteudo-principal"> <!-- Conteúdo principal do site --> </main>
id
no main
seja o mesmo especificado no href
do link de pulo.- Estilize corretamente (opcional, mas recomendado):
.skip-link { position: absolute; left: -9999px; top: auto; width: 1px; height: 1px; overflow: hidden; } .skip-link:focus { position: static; width: auto; height: auto; background: #f1f1f1; padding: 8px; font-size: 1rem; color: #000; z-index: 1000; }
3. Compreensível
O conteúdo e a navegação devem ser previsíveis e de fácil entendimento.
3.1. Linguagem clara
- Explique termos técnicos e use linguagem simples:
<p>Digite seu e-mail no campo abaixo para receber atualizações.</p>
3.2. Navegação consistente
- Utilize menus e estrutura de navegação uniformes em todo o site.
3.3. Prevenção de erros
- Inclua validação de formulários e mensagens de erro amigáveis:
<label for="senha">Senha:</label> <input type="password" id="senha" required> <span role="alert">A senha deve conter ao menos 8 caracteres.</span>
4. Robusto
O site deve ser compatível com diversas tecnologias e navegadores.
4.1. Compatibilidade com tecnologias assistivas
Para garantir que o conteúdo seja acessível a leitores de tela e outras tecnologias, podemos usar atributos ARIA para fornecer informações semânticas adicionais.
4.1.1 Exemplos práticos de ARIA
- Barra de navegação:
<nav role="navigation" aria-labelledby="titulo-navegacao"> <h2 id="titulo-navegacao" class="visually-hidden">Menu principal</h2> <ul> <li><a href="#inicio">Início</a></li> <li><a href="#sobre">Sobre</a></li> <li><a href="#contato">Contato</a></li> </ul> </nav>
role="navigation" deixa claro para leitores de tela que se trata de um menu.aria-labelledby="titulo-navegacao"
vincula o texto “Menu principal” (mesmo que esteja oculto) para descrevê-lo.
- Botões e ícones (aria-label):
<button aria-label="Abrir menu de configurações"> <svg>...</svg> </button>
Se o botão for apenas um ícone,aria-label
descreve a ação para usuários de leitor de tela.Se há um texto visível no elemento, prefiraaria-labelledby
. Se não houver, usearia-label
.
- Alertas (role="alert"):
<div role="alert" aria-live="assertive"> Ocorreu um erro no envio do formulário. Tente novamente. </div>
role="alert"
earia-live="assertive"
avisam de forma imediata sobre atualizações importantes.
Esses exemplos práticos ajudam a tornar a navegação mais clara e robusta para quem usa leitores de tela ou outras ferramentas de acessibilidade.
4.2. Testes em diferentes navegadores
- Garanta a funcionalidade em navegadores como Chrome, Firefox e Edge.
4.3. Validação de código
- Use ferramentas como o W3C Validator.
Sempre que for possível, utilize a versão mais recente da WCAG, que adiciona novas recomendações para acessibilidade em dispositivos móveis e amplia considerações para pessoas com deficiências cognitivas.
Ferramentas úteis
- Google Lighthouse: auditorias automáticas de acessibilidade.
- WAVE: identificação de barreiras.
- NVDA: teste com leitores de tela.
Além de usar essas ferramentas para identificar barreiras de acessibilidade, realize testes de usabilidade com pessoas que utilizam leitores de tela ou que navegam exclusivamente via teclado. Esses testes práticos ajudam a garantir que a experiência real do usuário seja satisfatória e sem obstáculos.
- Realizar testes exploratórios: convidar usuários com deficiência visual ou motora para navegar pelo site e fornecer feedback sobre dificuldades encontradas.
- Documentar as descobertas: criar relatórios que apontem barreiras e oportunidades de melhoria, garantindo um ciclo de desenvolvimento inclusivo.
Conclusão
Promover acessibilidade na web é um passo essencial para criar experiências inclusivas e igualitárias. Ao aplicar essas práticas, você não apenas melhora seu trabalho como desenvolvedor, mas também ajuda a tornar a internet um lugar melhor para todos.
Agora é com você! Comece a implementar essas técnicas e compartilhe seus projetos acessíveis na comunidade Rocketseat. Vamos construir juntos uma web para todos!
Artigos_
Explore conteúdos relacionados
Descubra mais artigos que complementam seu aprendizado e expandem seu conhecimento.